Projeto ASPECTO
Assimetria na distribuição de energia entre as correntes de contorno oeste do Atlântico Sul nos últimos 130.000 anos e seu impacto sobre o clima do Brasil.
Financiamento: Programa IODP-CAPES (Processo 88887.123926/2015-00)
Coordenador Associado: Ana Luiza S. Albuquerque
Resumo: O acoplamento oceano-atmosfera é decisivo para a determinação, tanto dos estados médios, quanto da variabilidade do clima terrestre, em função da elevada capacidade térmica dos oceanos e de suas propriedades de distribuição de calor. O entendimento dos modos e padrões de variabilidade dos oceanos em larga escala temporal depende de estudos paleoceanográficos, os quais têm comprovado claramente a direta relação entre a dinâmica oceanográfica e o clima global. O Oceano Atlântico teve um papel central na propagação das mudanças climáticas abruptas uma vez que elas estiveram associadas a marcantes alterações na intensidade da Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC). Apesar disso, o conhecimento a respeito das mudanças na paleocirculação da porção tropical e subtropical da porção oeste do Atlântico Sul é ainda bastante restrito, esparso e fragmentado, a despeito de seu reconhecido papel na transferência de calor inter-hemisférico e, consequentemente, na modulação do clima global. Neste sentido, o Oceano Atlântico Sul contribui com a AMOC transferindo calor para o Atlântico Norte através do Giro Subtropical do Atlântico Sul. Na porção norte deste Giro, a Corrente Sul Equatorial (CSE) se bifurca dando origem às correntes de contorno oeste que ocupam a margem brasileira, ou seja a Corrente Norte do Brasil (CNB) e a Corrente do Brasil (CB), nos ramos norte e sul, respectivamente. A variabilidade da temperatura da superfície do mar (TSM) destas correntes modula o posicionamento e a intensidade dos principais mecanismos atmosféricos que controlam o clima da América do Sul, são eles: A Zona de Convergência Intertropical e Zona de Convergência do Atlântico Sul. Estudos paleoceanográficos que abordem a variabilidade oceanográfica do setor oeste do Atlântico Sul, especialmente focados na CNB e CB são ainda raros. Apesar desta escassez de registros, alguns estudos apontam, mesmo que de maneira ainda incipiente, para a condição antifásica ou assimétrica no transporte de energia e massa durante eventos de mudanças climáticas abruptas, acomodando as marcantes mudanças no transporte inter-hemisférico de calor e sal no Atlântico. No entanto, o impacto das mudanças climáticas abruptas sobre a CNB e CB permanece elusivo, principalmente em função da pequena quantidade de registros marinhos com alta resolução temporal. Neste sentido, o Projeto ASpECTO se propõe a estudar a assimetria de transporte de calor e massa entre as CNB e CB ao longo dos últimos 130.000 anos, buscando entender o impacto destas condições sobre o clima continental. Para tanto, uma coleção de dez testemunhos marinhos, distribuídos entre 8N e 32S serão estudados através de uma abordagem multi-escalas temporais e multi-proxies.