Deficiência de dados climáticos para projeções
Uma das principais considerações apontadas no 5º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (do inglês, Intergovernamental Panel on Climate Change) ressalta as incertezas nas avaliações das projeções climáticas futuras com base em modelos numéricos. Grande parte dessa incerteza é decorrente da cobertura insuficiente dos dados instrumentais e sua distribuição espacial desigual. Além disso, a maior parcela das séries de dados observacionais, especialmente nos países em desenvolvimento, é esparsa e não cobre todo o século XX, tornando difícil uma avaliação acurada por modelos climáticos globais e regionais, afetando, assim, a robustez dos cenários climáticos futuros produzidos e impactando o potencial de adaptação da sociedade.
Mudanças climáticas
De fato, os países em desenvolvimento são, particularmente, mais vulneráveis às mudanças climáticas. Dentre muitos fatores envolvidos, as mudanças climáticas afetam suas matrizes energéticas, o que é um fator fundamental para sustentar o desenvolvimento econômico. Mudanças no estado médio do clima são produzidas por mecanismos não-lineares, em diferentes compartimentos do sistema climático ou por processos de retroalimentação, devido a forçantes internas e externas do planeta.
Reconstrução climática em diferentes escalas
Nesse contexto, o relatório AR-5 do IPCC aponta para a necessidade de ampliação na abrangência temporal dos estudos do clima, o que implica na recuperação de informações sobre a variabilidade climática passada, especialmente durante períodos anteriores a período de observações instrumentais. Nesse tocante, a reconstrução da variabilidade climática passada é uma ferramenta fundamental para reduzir as incertezas dos modelos climáticos e atribuir causas às mudanças climáticas observadas, uma vez que também consideram os mecanismos e variações que ocorrem em escalas de tempo mais longas. Sendo assim, a reconstrução do clima em diferentes escalas de tempo é uma ferramenta crucial para o planejamento de estratégias para uso de recursos naturais e adaptação humana. Na verdade, a única maneira possível de assumir que os modelos climáticos podem ter a capacidade de prever o clima futuro da Terra é através da simulação de mudanças climáticas passadas, bem como sua variabilidade intrínseca.
Passado, presente e futuro
Para tanto, a pesquisa colaborativa internacional para mudanças climáticas com base em abordagens globais e regionais visa o treinamento de jovens cientistas e desenvolvimento de pesquisa e podendo ser reconhecida como um dos principais temas para a sustentabilidade dos países em desenvolvimento. Com base nisso, propomos a criação do consórcio internacional de pesquisa no escopo do Projeto CLIMATE, o qual tem seu foco em pesquisas interativas sobre as mudanças climáticas (passado, presente e futuro), as quais compõem a base do desenvolvimento dessa importante temática na UFF.